Crônicas

A história de um Rei…

Ele é só rei. Se engana aquele que diz que tudo foi dito sobre a carreira de Roberto Carlos. Os seus 80 anos proporcionaram uma avalanche de reportagens, fotos, entrevistas, homenagens, juras de amor.

Por: Wilson Márcio Depes em 24 de abril de 2021

 

Em 1970, Carlos Lacerda, um dos mais famosos políticos e jornalista do país, entrevistou Roberto Carlos para revista Manchete e disparou: “O rei da jovem guarda e o príncipe da melancolia”. 51 anos se passaram. Errou. Ele é só rei. Se engana aquele que diz que tudo foi dito sobre a carreira de Roberto Carlos. Os seus 80 anos proporcionaram uma avalanche de reportagens, fotos, entrevistas, homenagens, juras de amor. O sucesso de Roberto é tão rico e grandioso que, a qualquer momento, você pode escrever mais um livro sobre ele. Sem fantasias. Só com fatos reais. Aqui mesmo, em Cachoeiro, encontrei vários amigos que me diziam: “Ah, isso não é nada. Se José Nogueira tivesse aqui ele poderia dizer que fui eu quem conseguiu o microfone para ele fazer o show no cine Broadway. Ele veio aqui lançar a música Calhambeque. Chegou na hora do show, o microfone pifou. Eu e Nogueira conseguimos quebrar 0 galho dele. Mozart Cerqueira ajudou também”. E não para de contar. “Logo depois quando ele veio a Cachoeiro, mandou me chamar lá no Hotel e me agradeceu, além de me homenagear com ingressos para o show. Pra mim e minha família”. Para que não sobrasse qualquer dúvida afirmou: “Isso foi em 1964, ano do Golpe Militar”. O outro amigo me mostrou uma foto do Conjunto Plaza, composto por jovens do Liceu, dentre eles, o recém falecido pianista Marcos Rezende, filho do Dr. Wilson, que foi diretor do Liceu. Disse-me ele: “Olha, a música Calhambeque foi lançada no clube Caçadores, em 1964. Eu fazia parte do Conjunto Plaza. Nós animávamos um baile. No meio do baile, Roberto, que ainda não era sucesso, cantou algumas músicas. Logo depois, foi fazer um show No Broadway.”
Vem o outro. “Roberto chorou em público, pela primeira vez, quando cantou “Meu Pequeno Cachoeiro”, ao lado de Raul Sampaio, num show no Ginásio de Esportes. Eu estava lá. Ele abaixou a cabeça, segurou na base do microfone e chorou mais cinco minutos”. E as histórias se multiplicam. “A última vez que Roberto veio a Cachoeiro, fui lá no Hotel visitá-lo. Ele me puxou num canto e perguntou se Moringueiro ainda estava vivo? Disse que não. Contou que muitas noites, lá em sua casa no Rio, lembra de tudo. Ficam passando em sua cabeça essas estórias, ao som do Rio Itapemirim.” Carlos Lacerda teria que refazer o título de sua entrevista: “Seu título: Rei”. Brincar com isso, mesmo que 80 anos depois, é uma saudade concisa. Louvado, por isso, o homem que fez de sua vida uma estória com começo, meio e sem fim…