Crônicas

A mulher adúltera

No Evangelho de João encontramos um dos textos mais lindos da Bíblia e que fala da mulher adúltera. Estava Jesus a ensinar quando os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher que fora pega em adultério.

Por: Marilene Depes em 11 de abril de 2022

No Evangelho de João encontramos um dos textos mais lindos da Bíblia e que fala da mulher adúltera. Estava Jesus a ensinar quando os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher que fora pega em adultério. Atiram a mulher humilhada e envergonhada diante dele e o põem a prova lembrando-lhe da Lei de Moisés que mandava apedrejar as adúlteras até a morte. Na realidade eles queriam acusar Jesus de infidelidade à Lei Judaica.
Jesus calmamente inclinou-se para a frente e começou a escrever na terra. Os escribas e fariseus, já nervosos, exigiam de Jesus uma atitude. A pedagogia de Jesus foi perfeita, não se irritou, não se exasperou e nem se precipitou. Apenas levantou os olhos e disse-lhes: “Quem de vós estiver sem pecado, que seja o primeiro a atirar uma pedra”. Inclinou-se e continuou a escrever na terra.
Os acusadores sentindo-se acusados pela própria consciência, foram se retirando um a um. E Jesus ficou sozinho com a mulher. Ele ergueu os olhos para ela e questionou: “Onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou?” E ela serenamente, agradecida, respondeu-lhe: “Ninguém, Senhor.” Disse-lhe então Jesus: “Nem eu te condeno, vá e não peques mais.” A mulher deve ter-se levantado do chão como se estivesse renascendo, Jesus lhe devolveu muito mais que a vida, ele resgatou nela a dignidade perdida.
Se aprendêssemos um pouco com a pedagogia repleta de psicologia de Jesus, poderíamos viver mais harmoniosamente. O discurso de Jesus seria vazio se ele, em defesa da parte mais fraca que era a mulher, gritasse e exigisse que a respeitassem. Em nenhum momento ele se exaltou, e o tempo que ficou escrevendo na areia foi o bastante, para que organizasse seus pensamentos e os externasse com palavras de sabedoria.
É o que poderíamos pedir a cada dia – a capacidade de manter-nos silenciosamente observando o que ocorre ao redor, e só usar a palavra quando esta trouxer conforto e paz as pessoas e ambientes. E o respeito ao outro, seja lá em que situação se encontre, afinal não temos direito de julgar e condenar ninguém.
E que o exemplo de Jesus nos ilumine nesses dias em que se revive a sua paixão, morte e ressurreição. E que sejamos capazes de nos dar um tempo para escrevermos hipoteticamente no chão, em todos os momentos em que somos colocados em cheque, em situações que demandam sábias decisões.
E uma Semana Santa de paz e harmonia a todos.