Crônicas

Amor próprio

Em texto atribuído a Frida Kahlo, no qual me inspiro, ela comenta situações em que deveria prevalecer o amor próprio. Naturalmente válido para ambos os sexos.

Por: Marilene Depes em 13 de outubro de 2020

Em texto atribuído a Frida Kahlo, no qual me inspiro, ela comenta situações em que deveria prevalecer o amor próprio. Naturalmente válido para ambos os sexos, trata-se do cenário cotidiano de uma vida de casais, em que a empatia se esvai com o passar dos anos, e que se tem que pedir demonstrações de amor e afeto, sendo que estas poderiam ou deveriam ocorrer naturalmente.
Citarei alguns exemplos concretos. Pedir beijos ou abraços quando me sentir carente, pedir elogios, mesmo mentirosos; se arrumar e se apresentar diante do outro sem nenhuma expectativa de se sentir valorizado, mas ficar aguardando algum comentário favorável. Pedir desculpas mesmo sabendo que não se está errado, apenas para evitar contendas. Esperar que se escreva algo bonito a seu respeito, e concluir que outras pessoas, que não possuem o mesmo significado em sua vida, o fazem naturalmente. Esperar que diga que sente falta da sua presença, e que partilhe as coisas boas que aconteceram durante seu dia, já que compartilha apenas as ruins, e que narre as suas vitórias e lucros, como sempre fala de seus prejuízos. Esperar que agradeça por tudo que recebe, tendo certeza que talvez nem se lembre dessas benesses, como pedir que esteja ao seu lado em decisões, e o apoie quando se inicia um novo projeto. Pedir a companhia nas consultas médicas, e não se sentir retribuído quando carece de apoio e presença. Ficar constrangido quando, ao narrar uma história, percebe que não se é ouvido, ou quando se é interrompido para ser repreendido por algo que inocentemente partilha, na confiança da parceria e do amor.
Afinal não pedir nada, se até os presentes das datas especiais têm que ser cobrados, e muito menos supor que terá o outro ao seu lado por toda vida. A expectativa deverá ser sempre zero, e o que vier será contabilizado como lucro. Não sonhar com príncipe encantado que adivinhe seus pensamentos e convide para um programa inusitado, mesmo que seja um passeio até a esquina da rua, ou um aconchego a mais na cama, o que vale é a disponibilidade e a cumplicidade a dois.
Numa relação deve-se comunicar as necessidades, mas se para tê-las atendidas é preciso estar sempre lembrando e cobrando, se aquilo que gostaria de receber não vier espontaneamente, se o amor próprio está sendo relegado, não vale a pena continuar a luta. Amor é reciprocidade contínua ou não é amor.