Crônicas

Banca da Tereza

A Banca é de revistas, fica no centro de Cachoeiro de Itapemirim, no edifício Primus. Local tradicional da nossa cidade. Um dos nossos primeiros prédios. Uma passagem, e encontros, de cachoeirenses.

Por: Sergio Damião em 3 de julho de 2021

A Banca é de revistas, fica no centro de Cachoeiro de Itapemirim, no edifício Primus. Local tradicional da nossa cidade. Um dos nossos primeiros prédios. Uma passagem, e encontros, de cachoeirenses. Um ponto de chegada para os estrangeiros. Início de uma caminhada em direção à beira do rio Itapemirim; Ponte de Ferro por onde passava o trem e, sobre o trem, a mineira Adélia Prado escreveu uma explicação de poesia sem ninguém pedir: “Um trem de ferro é uma coisa mecânica,/ mas atravessa a noite, a madrugada, o dia,/ atravessou minha vida,/ virou só sentimento”. Da Banca alcançamos, também, a bela arquitetura do Bernardino Monteiro e a disposição para a arte do Salão Levino Fanzeres, a música da Casa do Roberto Carlos, a literatura da Casa dos Bragas e o canto dos pássaros nos Pios dos Coelhos. Se nada desejarmos, se o espírito da vagabundagem nos tomar, podemos simplesmente andar pelas ruas da capital secreta do mundo em busca das coisas que Raul Sampaio descreveu na letra da música que se tornou o Hino da cidade. A Banca e, mais ainda, a Tereza Zaban, tornaram-se uma referência. Quando em feriado longo, com a cidade quase deserta, no retorno de uma viagem, a certeza do encontro da Tereza e sua Banca. Como uma guardiã das nossas coisas. A guardiã do Dia de Cachoeiro e os dias do restante do ano. Muitas são as histórias a serem contadas e lembradas. Lembranças das primeiras figurinhas do filho mais novo; um álbum com os jogadores de uma Copa do Mundo; a revista Sete dias e a Leia com as novidades da Festa de Cachoeiro; leitura do jornal o Fato e as informações políticas; um novo livro de escritor cachoeirense, ou nada disto, apenas uma boa conversa. No Dia de Cachoeiro, lembrei-me da Banca da Tereza onde meus filhos aprenderam a juntar as primeiras letras, primeiras palavras e formaram as primeiras frases. Nesses dias tristes da pandemia nos alegramos com a espontaneidade da Tereza. Recentemente um pai levou o filho pequeno para conhecer a Banca, o menino disse: “Pai, que Banca maneira, vou voltar outras vezes…” O sentimento do menino é o mesmo dos cachoeirenses espalhados pelo mundo: voltar outras vezes. Na verdade: Cachoeirense nunca esquece sua terra.