Crônicas

Bernardo Horta e Nise da Silveira

Desde 1992, o Brasil possui um livro com páginas de aço, com uma lista oficial de heróis e heroínas, localizado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, na Praça dos Três Poderes em Brasília.

Por: Sergio Damião em 11 de julho de 2022

Desde 1992, o Brasil possui um livro com páginas de aço, com uma lista oficial de heróis e heroínas, localizado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, na Praça dos Três Poderes em Brasília. Na atualidade temos sessenta e oito nomes. O primeiro da lista: Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes); Zumbi dos Palmares, o segundo e Marechal Manuel Deodoro da Fonseca, o terceiro. A primeira mulher a ser incluída foi Anna Justina Ferreira Nery, enfermeira que atuou na Guerra do Paraguai. Um capixaba: Domingos José Martins, um dos líderes da Revolução Pernambucana de 1817. Entre fantasias e realidades, indico meu pai, com heroísmo alimentou e educou sete filhos. Mas, nunca é demais falar de um grande homem. Mais ainda quando se passou mais de 150 anos do seu aparecimento na terra e após mais de 100 anos de sua morte. Em Cachoeiro, temos o nosso herói: Bernardo Horta de Araújo. O resgate de sua memória deve-se ao empenho de muitos cachoeirenses: Higner Mansur, Maria Elvira, Professor Adilson, Evandro Moreira, Newton Braga… Bernardo Horta de Araújo foi o maior homem público da história de Cachoeiro de Itapemirim, nas palavras de Newton Braga, endossadas por Higner Mansur. Seu bisneto, Bernardo Carneiro Horta, é jornalista e reside no Rio de Janeiro. Escreveu duas biografias: Anália Franco e Nise da Silveira. Anália se destacou na educação infantil e Nise nos cuidados aos pacientes psiquiátricos. Duas mulheres revolucionárias, à frente do seu tempo. Nise, médica, psiquiatra, alagoana, dedicou-se a humanizar o tratamento de pacientes com transtornos mentais. Foi contrária aos métodos terapêuticos da ocasião como choque elétrico, lobotomia e o enclausuramento. No Centro Psiquiátrico Pedro II, utilizou-se da terapia ocupacional. Estimulou a pintura. Onde resultou na criação do Museu de Imagens do Inconsciente. As imagens e pinturas do Engenho de Dentro percorreram o mundo e avaliadas por Carl Gustav Jung. A vida de Nise inspirou filmes, livros e estudo acadêmico. Morreu em 1999. Uma vida dedicada à humanização do tratamento dos pacientes com transtornos mentais. A Nise foi indicada pelo Congresso Nacional ao Panteão de Heróis e Heroínas da Pátria. Foi vetada nos palácios de Brasília. Triste. O vírus da intolerância nos assola.