Crônicas

Campanha Fraternidade 2021

Diante de temas tão relevantes e por conta do contexto político em que se encontra o nosso país, um chamado à verdadeira conversão tem causado muita polêmica, marcada pela polarização ideológica e anti-ecumênica entre os cristãos conservadores.

Por: Marilene Depes em 15 de março de 2021

 

Todos os anos, durante os quarenta dias da Quaresma, a Igreja Católica, através da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB, escolhe um tema concreto para ser refletido e praticado, em geral abrangendo saúde, meio ambiente, família, entre outros de cunho social. O tema deste ano é: Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor, e o lema é: Cristo é a nossa paz. Do que era dividido fez uma unidade.

No entanto, diante de temas tão relevantes e por conta do contexto político em que se encontra o nosso país, um chamado à verdadeira conversão tem causado muita polêmica, marcada pela polarização ideológica e anti-ecumênica entre os cristãos conservadores. A exigência central do Evangelho é a vida de fraternidade através da vivência da justiça e do amor, exatamente o que Jesus pregou em sua passagem pelo mundo, rodeado por pobres, ricos, cobradores de impostos, leprosos, deficientes, prostitutas, estrangeiros, viúvas e crianças. Ele acolhia a todos e afirmava que não veio para chamar os justos e sim os pecadores, não veio para condenar o mundo, mas para salvar, que os sãos não necessitam de médicos mas sim os enfermos. O tema da Campanha testemunha a sintonia da Igreja com o seu povo e questiona a fome, a miséria, as injustiças com as minorias, estas que ao se juntarem formam a maioria da nação.

O Papa Francisco tem adotado posições extremamente progressistas e deixado dogmas tradicionais de lado, fala sobre fanatismo, homossexualidade e sexo de forma inovadora, defendendo casamento de pessoas do mesmo sexo. Apoia o trabalho do padre Júlio Lancelotti com a população em situação de rua, denunciou a perigosa situação da Amazônia e das populações indígenas diante do desmatamento, declarou que a fofoca é uma praga, critica o fanatismo religioso e prega a união de todas as igrejas, e que parem de usar a religião para incitar o ódio, o fanatismo e a violência. Ele afirma que sexo é um dom de Deus, não deve ser usado para a exploração do outro, e apoia a educação sexual nas escolas. Diante de um Papa com pensamentos progressistas me compraz participar de uma Igreja atuante nas demandas do mundo de hoje. E esperançosa com o novo Bispo indicado para nossa Diocese, Dom Luiz Fernando Lisboa, defensor dos direitos humanos e que exercia seu pastoreado no Moçambique, em região marcada pela guerra e a miséria. Que seja bem-vindo com sua dedicação àqueles que, através do seu carisma a Igreja de Cristo acolhe e abraça.