Crônicas

Comemorar é preciso

Tomei posse na Academia Cachoeirense de Letras no ano de 2010. E como Presidente em 2017, a primeira mulher a assumir o cargo, após mais de cinquenta anos de funcionamento da Academia, fundada em 19 de maio de 1962.

Por: Marilene Depes em 14 de junho de 2022

Tomei posse na Academia Cachoeirense de Letras no ano de 2010. E como Presidente em 2017, a primeira mulher a assumir o cargo, após mais de cinquenta anos de funcionamento da Academia, fundada em 19 de maio de 1962. Grandes intelectuais mulheres passaram pela Academia e tenho dúvidas se elas se omitiram ou se foram omitidas de ocupar a presidência. E a Academia comemora seus sessenta anos de funcionamento e retomar a sua história é respeita-la e valoriza-la.
Os primeiros encontros em que se discutiu a criação de uma academia de letras ocorreram na Escola de Comércio, com a presença de dois membros da família Herkenhoff, Pedro e João Baptista, grandes incentivadores da cultura. Daí, um grupo de estudantes, juntamente com alguns professores, em reunião na Casa do Estudante, que era o templo da cultura e das manifestações políticas da época, fundaram a Academia de Letras Benjamin Silva de Cachoeiro de Itapemirim. Concluíram posteriormente que o nome ficou muito grande, omitiram o Benjamin Silva e o honraram como patrono da primeira cadeira da Academia.
Imaginei comemorar data tão importante no mesmo espaço da sua criação, afinal a Casa do Estudante ainda está de pé, porém ao visitar o local tive grande decepção com o abandono e a situação em que se encontra após a enchente de 2020. E o evento foi inserido na programação da 8ª Bienal Rubem Braga, o que nos garantiu espaço organizado e decorado, com transmissão ao vivo e gravada para a posteridade, e o grande mérito de fazer parte de um evento tão importante para a cultura e as artes.
Num tempo em que a cultura é tão pouco valorizada por governantes, a nossa Atenas capixaba dá exemplo de civilidade e amor aos livros e seus escritores, através do empenho do nosso Prefeito Victor Coelho, da Secretária de Cultura Fernanda Maria Merchid Martins e do Subsecretário Lucimar Costa, pelo realização da Bienal Rubem Braga. Coordenei a Sessão Solene com muito orgulho – da Academia, dos intelectuais que a representam, dos membros fundadores que puderam estar conosco e que contaram a história que viveram. Como foi emocionante ouvi-los – Solimar Soares da Silva; Paulo de Tarso Medeiros; Evandro Moreira, adoentado e ainda junto à entidade que fundou e que pela qual tanto lutou; Bruno Torres Paraíso, que enviou vídeo comovente. Tivemos as gratas presenças da Presidente da Academia Espirito Santense de Letras Sra. Lilian Siqueira Schimith, e da Academia Literária Castelense Felicia Scabello Silva.
A emoção ainda permanece vívida em mim e acredito que permanecerá para sempre. Sinto-me gratificada, juntamente com os demais acadêmicos, por fazer parte dessa linda história!