Crônicas

Crônica natalina

Em Cachoeiro, a Praça de Fátima, nessas noites de dezembro, transformou-se em magia. A magia depende de cada um. Pela beira do rio, em uma noite bem Cachoeiro, as luzes da Praça refletiam sobre o leito do Itapemirim.

Por: Sergio Damião em 23 de dezembro de 2019

Em Cachoeiro, a Praça de Fátima, nessas noites de dezembro, transformou-se em magia. A magia depende de cada um. Pela beira do rio, em uma noite bem Cachoeiro, as luzes da Praça refletiam sobre o leito do Itapemirim. O contraste da penumbra das águas e as luzes das árvores reforçavam a imaginação. Pensei Cachoeiro, não só a Praça, transformando-se numa cidade em que as pessoas caminham com proteção do sol; calçadas seguras e sem riscos de acidentes; carros e motos em número reduzido e sendo gradativamente substituídos por bicicletas e ônibus coletivos confortáveis; o retorno de trens de cargas e passageiros em local seguro de saída e chegada com idas e vindas às montanhas, cidades e estados vizinhos; o rio Itapemirim volumoso e caudaloso durante todo o ano e seus pescadores felizes em torno de sua balaustrada; crianças uniformizadas e bem alimentadas visitando bibliotecas em vários pontos da cidade; Prontos Socorros vazios com profissionais de saúde prontos para atenderem os casos de verdadeira urgência (que nunca chegariam devido à prevenção e redução dos acidentes motociclísticos e automobilísticos) e, por fim, o Hino de Cachoeiro cantado por todos nós na Bienal Rubem Braga, Praça de Fátima, nos meses de maio. Sonhei… Abri os olhos e atravessei a Avenida, fui de encontro à Árvore de Natal e ao Papai Noel. Bernardo, meu neto, olharia a grande árvore com as bolinhas coloridas e diria: Vovô, Vovô! Óia. Bolinhas… “Nossa!” Um monte de bolinhas. Observei o formato do Circo e admirei a melodia. Caminhei por todos os cantos, buscava as luzes em árvores e brinquedos. Esqueci, por instantes, o mundo real. Na esperança de encontrar Bernardo em meio às outras crianças, de repente, pensei ouvir: Vovô, vovô Sergio. Corre vovô, corre… Fui despertado pela buzina do carro elétrico carregado de luzes e crianças no outro lado da Avenida. As crianças cantavam com alegria. Retornei à beira do rio e olhei a correnteza. As águas escorriam com força. As chuvas se foram, deixaram um rio mais bonito. As águas carregavam a saudade do Bernardo. Logo, traziam a esperança de revê-lo em breve. Nas águas parecia estar escrito: Óia, vovô. Papai Noel!