Crônicas

Cultura inútil

Por conta do vocábulo matuto em desuso nos dias atuais, comecei a pesquisar na memória e fui anotando e lembrando que muitas vezes faço uso de palavras hoje desconhecidas.

Por: Marilene Depes em 16 de junho de 2021

Na CPI da pandemia um senador usou um provérbio que me chamou atenção: “matuto quando sabe que vai cair já deita”. Por conta do vocábulo matuto em desuso nos dias atuais, comecei a pesquisar na memória e fui anotando e lembrando que muitas vezes faço uso de palavras hoje desconhecidas.
Vou tentar elencar as que me vieram à memória, com seus devidos significados. Morrinha – pessoa chata, cheiro ruim, embromar – enrolar, enrustido – quem se esconde, zarolho -estrábico, cabaço – hímen, sacana – safado, jamba – vislumbre de pernas acima dos joelhos, cara de pau – pessoa falsa, escroto – ordinário, cacareco – porcaria, mocoronga – da roça, embuchado – que comeu demais ou grávida, filar – pedir um pedaço, xaroia – quem está sempre pedindo algo, xepa – o que sobra, lamparina – iluminação à querosene, pinico/urinol – local de urinar, porta seio – sutiã, combinação – vestimenta íntima inteira, anágua – peça íntima inferior, corpete – peça íntima superior, ceroula – cueca, em pandarecos – exausto, chapuletada – tapa, fuzarca – bagunça, chumbrega – coisa feia ou ordinária, sirigaita – meretriz, supimpa – muito bom, marmota – cafona, carraspana – bebedeira, safanão – solavanco, lero-lero – conversa fiada, borocoxô – muito triste, munheca e pão duro – avarento, apalermado – bobo, víspora – bingo, tabefe – tapa, basbacão – bobo, alcunha – apelido, janota – vestido com exagero, pachorra – paciência, garrucha – espingarda, quiproquó – confusão, balela – mentira, bulhufas – coisa nenhuma, radiola – rádio com vitrola, vitrola – toca-discos, gorar – não dar certo, lorota – mentira, gororoba – comida ruim, barafunda – bagunça, pereba – jogador fraco, invocado – que se considera o melhor, boa pinta – bonito, bode – confusão ou menstruação, de chico, de regra ou de paquete – menstruada, fichinha – pessoa insignificante, bafafá – bagunça, barbeiro – motorista ruim, borogodó – charme, pão – homem bonito, encruar – encolher.
E algumas expressões também caíram em desuso como: vai ver com quantos paus se faz uma canoa – reprimenda, tirar o cavalo da chuva – cair fora, tirar o pai da forca – apressado, embarcar em canoa furada – se dar mal, vá pregar em outra freguesia – caia fora, igual casa da mãe Joana – muita bagunça, tomar chá de cadeira – ficar sentada no baile, de lascar o cano – péssimo, na boca de espera – aguardando, fogo na roupa – coisa ruim , lelé da cuca – doido, chato de galocha – muito chato, sebo nas canelas – correr muito. E por hoje chega, espero ter contribuído como facilitador na comunicação dos jovens com seus avós!