Crônicas

De quem foi a obra?

Os fatos vêm acontecendo numa velocidade impressionante. Escrevo uma crônica aqui, para ser publicada alguns dias depois, acabo jogando fora toda a experiência de jornalista: a crônica ficou velha.

Por: Wilson Márcio Depes em 28 de novembro de 2023

Os fatos vêm acontecendo numa velocidade impressionante. Escrevo uma crônica aqui, para ser publicada alguns dias depois, acabo jogando fora toda a experiência de jornalista: a crônica ficou velha. Não interessa a ninguém. Nem mesmo pra mim, que morro de vergonha. Acho que desaprendi a escrever temas que não envelhecem. Se for escrever sobre a eleição da Argentina, hoje, quando a revista circular já não interessa mais a ninguém, pois o país já terá todo os seus ministros escolhidos. Escreverei, para não perder a atualidade, sobre o futuro, mais especificamente sobre as eleições municipais de Cachoeiro.
Volto no tempo. Eleição, aqui, era festa. Da década de 70 para cá, por exemplo, podemos falar de Hélio Carlos Manhães, Teodorico Ferraço, Gilson Caroni, Roberto Valadão, José Tasso Andrade, dentre muitos outros. Um dos mais carismáticos, Hélio Carlos Manhães, naquela época, usava o horário esportivo da Rádio Cachoeiro. Dono de uma voz sonora, fluente, muito simpático, ganhava as eleições sem qualquer gasto na campanha eleitoral. Ele era o artista
Por sua vez, candidatos ricos, contratavam os cantores globais para que, comícios cheios, o volume mostraria uma vitória iminente, induzindo o eleitor a votar nele, candidato. Mal sabia que o eleitor, sabido, assistia o show e votava no candidato de sua preferência.
A verdade histórica, sem dúvida, é que foi Hélio Manhães quem abriu as portas para o MDB conseguir vencer as eleições para Prefeitura. No início da década de 70, quando vivíamos sob a égide da ditadura militar. Além de seu carisma, Hélio nunca foi de esquerda. Sempre foi, a rigor, de centro, mas correto, sem quaisquer acusações de corrupção.
Se você quisesse perder um eleição, era só falar mal de Hélio. Orador primoroso junto às massas, tomava as obras para si que os governos da ditadura vinham inaugurar em Cachoeiro, como é o caso do Polivalente Guandu. Conto. O governador do estado foi nomeado pela Ditadura – Arthur Gerhard. Hélio, prefeito. O governador fez um discurso enfadonho sobre a importância da obra. Concedeu a palavra a Hélio. Ponto. Fez um discurso emocionante. Até hoje as pessoas a que assistiram tem a certeza que a obra foi construída pela Prefeitura. Por Hélio.