Crônicas

Do saudosismo ao medo

Fiquei com profunda inveja da leveza da crônica escrita por Martha Medeiros, dia desses, na revista Ela, de O Globo. Inspirada no poema “Duas mãos e o sentimento do mundo”, de Drummond, com delicadeza, mostrou pra quem servem as mãos.

Por: Wilson Márcio Depes em 10 de abril de 2023

Fiquei com profunda inveja da leveza da crônica escrita por Martha Medeiros, dia desses, na revista Ela, de O Globo. Inspirada no poema “Duas mãos e o sentimento do mundo”, de Drummond, com delicadeza, mostrou pra quem servem as mãos. A história começou com as mãos jovens até as de hoje, com indicador retesado e o “pai de todos” sem nenhuma autoridade. Vou parando por aqui para não cair num saudosismo que só serve para criar depressão…

Estou é muito preocupado – e com razão – com o avanço da inteligência artificial ao longo da última década, que, como informa O Globo, começou a atingir, nos últimos meses, um nível de maturação que promete alterar profundamente a forma como nós, seres humanos, desempenhamos atividades cotidianas, interagimos com familiares e amigos, trabalhamos, agimos em sociedade e até mesmo como votamos, com potenciais riscos ainda desconhecidos. É uma das grandes preocupações do mundo.

A IA já está presente no dia a dia de boa parte da população global — de uma rede social que recomenda conteúdo personalizado até uma simples mensagem digitada em um app que sofre a influência de um corretor automático, por exemplo. Mas a Humanidade começa a experimentar agora uma nova era da IA, capaz de cruzar fronteiras há pouco tempo consideradas estritamente humanas, como as da linguagem e da criatividade.

Misericórdia! Há, pelo visto, uma impotência da legislação para controlar as fake news. Trata-se da inteligência artificial generativa, termo que descreve o campo da IA capaz de criar textos, imagens, códigos de programação, vídeos ou qualquer outra linguagem natural, aptidão cognitiva inerente à condição humana. Para especialistas, trata-se de salto tecnológico muito maior do que o que vimos até agora, com consequências profundas e imprevisíveis.

A grande verdade é que os primeiros exemplos do que essa nova geração de IA é capaz têm assustado muita gente, de técnicos a acadêmicos, de autoridades a pessoas comuns, tanto pelas oportunidades que se abrem quanto por seus riscos. Todo esse potencial já começa a mexer com a vida das pessoas e com a economia, embora especialistas afirmem que ainda estejamos longe de identificar todas as suas possibilidades.
Claro que não sou contra à ciência, à evolução, mas estou morrendo de medo!