Crônicas
Duas versões de uma mesma intenção
Elas, sentadas bem à vontade (quase que nuas frente a frente), despidas de suas máscaras e papéis frequentemente usados socialmente.
Por: Janine Bastos em 30 de março de 2020
Elas, sentadas bem à vontade (quase que nuas frente a frente), despidas de suas máscaras e papéis frequentemente usados socialmente.
Enquanto uma ouvia a outra falava, de como gostaria de reduzir sua jornada de trabalho e se dedicar aos prazeres de “mulherzinha”, termo pejorativo que usamos de uma forma machista (sim, nós mulheres somos machistas, o que muda é a dose).
Ela empresária, precisou se “vestir” de masculino, abafando seu lado feminino para se posicionar no seu nicho.
Raramente tinge as unhas, saias, saltos e afins, tudo isso é muito estranho, dizia ela, mulher linda, mas ainda engatinhando no processo de se tornar mulher.
Talves, pelo medo que foi a ela incutido quando o assunto era o feminino.
Ah! Tah! Vou explicar!
É que aos poucos, é que vamos aprendendo a sermos gente e assim também, fazemos com o nosso feminino, masculino…
É aos poucos que vamos nos descontruindo dos padrões que nos impuseram e que foram muito úteis, pois nos trouxeram até aqui, onde estamos hoje.
Mas tudo que falta queremos buscar, só não sabemos onde, nos faltam referências, permissões (internas diga-se de passagem).
Tudo o que ela almejava era ele, o prazer, o prazer de desfrutar da vida, a tal vida que ela deseja experimentar (a vida de mulherzinha, lembra?)
Mas como?
Não sabe por onde começar, já ouviu dizer ser dentro, mas como?
Poder ser inteira, se vestir de si mesma.
É que a bem pouco tempo atrás, estávamos, ou será que ainda estamos? Todos inconscientes, representando, copiando e colando, padrões que nos foram apresentados ou permitidos.
Padrões de um feminino e de um masculino cheios de estereótipos.
A questão é que estamos caminhando para uma possibilidade de sermos mais que os estereótipos, possibilidade de sermos inteiros, reais e por assim dizer livres e para isso precisamos carregar conosco nosso lado forte, frágil, carregar conosco o nosso lado feminino e o nosso lado masculino, independente do gênero que tenhamos.