Crônicas

E setembro chegou

Sou totalmente solar, adoro dias de sol, também curto a chuva porque reconheço o quanto é benéfica à natureza. E quando chega setembro o corpo vai criando vivacidade e o espírito se eleva.

Por: Marilene Depes em 12 de setembro de 2022

Sou totalmente solar, adoro dias de sol, também curto a chuva porque reconheço o quanto é benéfica à natureza. E quando chega setembro o corpo vai criando vivacidade e o espírito se eleva. Na verdade gosto mesmo é do verão, e setembro, simbolicamente, abre as portas para sua chegada.
Setembro foi o mês escolhido para meu casamento, após cinco anos de namoro e noivado. Nosso relacionamento é baseado principalmente no amor, no sentimento que se sobrepõe a todas as diferenças, e quando falo delas, não são poucas: religiosas, políticas, de comunicação, de cuidados com a saúde, de gostos específicos como filmes, alimentação, de sonhos e realizações pessoais. Curtimos juntos a dança e os jogos do Flamengo, e temos prazer com a presença um do outro, mesmo calados e cada um na sua, e não temos hábito de viajar sozinhos e não frequentamos ambientes sociais sem a presença do outro. Sou uma sonhadora otimista e ele é um realista pessimista. Estou sempre acreditando que dias melhores virão, e ele teme pelo futuro, eu vivo e curto o dia de hoje e ele sempre preocupado com o que virá, sou sanguínea e ele é fleumático. Na pandemia as diferenças se sobressaíram, se avolumaram, mas não foram maiores do que a nossa capacidade de superação. Somos a prova viva de que o amor existe, porque sem ele já não estaríamos juntos – eu não teria nenhuma dificuldade em acabar com uma relação insatisfatória. E juntos estamos há sessenta anos, entre namoro e casamento e celebrando bodas de ametista, uma pedra relacionada à espiritualidade e à evolução da alma através do amor incondicional. É preciso muito companheirismo para se viver juntos por mais de meio século, com tantas dificuldades, mas sempre com excesso de zelo e cuidados.
Em todos esses anos vivemos dias de glória e de tristeza, glória pelas vitórias dos filhos, chegada dos netos, muitas viagens, o prazer em construir e manter nossos ninhos e a realização do projeto comum e familiar que é a Vila Aconchego. Tristeza causada pelas doenças, ambos sofremos pela possibilidade da perda diante da gravidade delas, e felizmente saímos incólumes. Mas perdemos muitos familiares e amigos, folheando nosso álbum de Bodas de Prata fiquei assustada com quantos se foram. E neste setembro comemoramos a vida, o amor e a possibilidade de ficarmos juntos por muitos anos mais, na aceitação das diferenças, nas tribulações, e principalmente no amor e na fidelidade, base de um matrimônio feliz.