Crônicas

Edição da democracia

Aqui posso falar mal do presidente – e como falo! -, do governador e do prefeito, sem que nada me aconteça. Nem cara feia. Ora, liberdade constitui valor uno e indivisível.

Por: Wilson Márcio Depes em 29 de agosto de 2022

Fico feliz em ver o sucesso do Júnior com sua revista (que é nossa!). Cada dia mais. Por isso que este texto vai muito ficar parecido com o da edição da última Feijoada. Só que estou mais feliz; feliz ainda porque escrevi crônica no primeiro número e aqui permaneço até hoje. E se bem me lembro e se não me falha a memória – ainda não está falhando … – Paulo Hartung governava o estado (2010); foi sucedido, em 2011, pelo atual, Renato Casagrande. O que acho significante – e devo ressaltar – é o talento do Júnior e seus assessores. Possuem uma característica – e aqui só há sinceridade – que não pode ser relegada: o preciosismo, o cuidado com que a revista é preparada a cada edição. Todos aqui concordam com isso. E registro outro dado histórico importante nesses tempos sombrios no qual vivemos: a independência que é proporcionada aos jornalistas que aqui escrevem.
Aqui posso falar mal do presidente – e como falo! -, do governador e do prefeito, sem que nada me aconteça. Nem cara feia. Ora, liberdade constitui valor uno e indivisível. Não pode ser repartida em pedaços ou distribuída em doses homeopáticas. Liberdade é mais ou menos como honra: ou se tem ou não se tem. Se possuímos meia-liberdade, ou semiliberdade, no fundo não possuímos liberdade alguma.
Liberdade, da mesma forma, não é benesse ou favor que devemos esperar de braços cruzados – maná a cair dos céus para saciar a fome do povo eleito através dos séculos, liberdade tem sido direito conquistado na luta. Realmente envolta em sacrifício. Valor forjado na resistência. E o Júnior, embora jovem, sabe disso como ninguém. Esta edição comemorativa também serve para ressaltar essa fase da vida brasileira, onde há intranquilidade, insegurança, todos como medo de um golpe de estado. A ponto de o repórter da Globo perguntar ao presidente Bolsonaro – como se dependesse dele – se caso fosse derrotado nas eleições ele respeitaria o resultado? A resposta foi de um ditador: “se as eleições forem limpas, sim.”. Como se dependesse dele. Há que resistir. Resistir depressa, mais alto e mais forte. Enquanto o tempo não acaba.