Crônicas

Encontro de Turma

Algo guardado no melhor de nós. Pois, no momento, somos todos pessoas diferentes. E, muitas vezes, indiferentes.

Por: Sergio Damião em 26 de setembro de 2022

Lembras de mim? Após mais de 40 anos de formados, Turma de 1981, da Escola de Medicina da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (EMESCAM), muitos sem se encontrar desde então, provenientes de várias cidades do Espírito Santo e de outros Estados brasileiros, questionarão pelos corredores e outros cantos do hotel. Uma pergunta muito além do físico, além de uma silhueta que não mais existe, uma pergunta pertencente ao campo da memória afetiva, de reminiscências, das lembranças guardadas em sorrisos e choros, no espirito juvenil. Algo guardado no melhor de nós. Pois, no momento, somos todos pessoas diferentes. E, muitas vezes, indiferentes. Inexoravelmente modificadas. Mudamos todos. Nos encontramos em busca daquilo que fomos um dia. Embora, aquilo que fomos já não exista. Nos modificamos ao nos tornarmos genitores, avós e responsáveis por alguém. Modificados com sofrimentos, alegrias e lágrimas de vida. Somos diferentes daquilo que sonhamos um dia. Em quarenta anos, parte de uma vida, ou toda uma vida para alguns, neste tempo tão curto para a humanidade, mudamos por necessidade. Em alguns dias procuraremos ser aquilo que fomos (libertos de preocupações). Mudamos tanto que as questões políticas e sociais que nos uniam em uma só voz pode ser ponto de discórdia em um pequeno bate-papo de uma mesa de bar. Por isso, no próximo final de semana, em nosso Encontro de Turma de mais de quarenta anos de formados, devido os tempos atuais, que não deveriam ser o nosso tempo, teremos medo da resposta. Você deve estar pensando: Será que ficamos tão diferentes no pensar? Se fomos conhecidos dos mais íntimos nos seis anos de Faculdade, as paixões e virtudes da juventude não podem ter sido corroídas pelos vícios de uma vida. No dia do Encontro, nas montanhas do sul capixaba, melhor evitarmos opiniões políticas, religiosas e até clubistas (vícios da vida mundana). No próximo fim de semana, no abraço fraternal, o medo desaparecerá. A cada Encontro buscamos as brincadeiras desprovidas de limites e censuras, perdemos o receio de falar, não queremos pensar, apenas o prazer de comunicar. Um lembrar sem compromisso, uma visita na memória de prazeres. Um alegrar sem fim, um desejar imenso de um viver suave.