Crônicas

Identidade e dignidade

Por conta de curso de Gerontologia, da participação no Conselho dos idosos e nas Conferências de direitos, além da convivência com quem luta em defesa dos idosos, me identifiquei com o tema e mudei bastante o meu entendimento e comunicação.

Por: Marilene Depes em 22 de fevereiro de 2021

Por conta de curso de Gerontologia, da participação no Conselho dos idosos e nas Conferências de direitos, além da convivência com quem luta em defesa dos idosos, me identifiquei com o tema e mudei bastante o meu entendimento e comunicação. De vez em quando ouço alguém usar termos desrespeitosos e em todas as situações faço as devidas correções. Não é só questão de utilizarmos termos politicamente corretos, é questão de respeito mesmo, levando-se em conta que todas as mudanças só aconteceram após muitas lutas dos idosos nos Conselhos e Conferências, até a promulgação do Estatuto do Idoso e outras lutas que ainda perduram até hoje.

Iniciemos pelo mais trivial que é chamar um idoso de velho, subentendendo-se que se trata de um inútil que pode ser descartado, como fazemos com tudo que é velho. Quando falamos em colocar idosos nos “asilos” nos reportamos aos espaços em que anos atrás eles eram alojados, juntamente com pessoas com problemas mentais e com todo tipo de comorbidade. Muito mais digno e suave identificarmos as casas de abrigamento como lares ou instituições de longa permanência.
Chamar idosos de vovozinho ou vovozinha é desrespeito com quem possui um nome que os identifica, e temos que levar em conta que muitos nem se casaram ou não tiveram filhos. O nome é a identidade e dignidade de cada um e não deve ser substituído por um vocábulo meloso a ser usado somente pelos netos de fato. Outro absurdo cometido com os idosos é dirigir-se a eles como se fossem crianças: Vamos papá! Vamos prá caminha! Hora de tomar banhinho! Vamos limpar o bumbum! Falar no diminutivo com um idoso o faz sentir-se como tal, e o coloca ao nível de um bebê, destruindo sua auto estima.

Os idosos, às vezes, sofrem desrespeito e não possuem defesa. Cabe a cada um de nós irmos orientando os desinformados e defendendo os debilitados pelas doenças ou pelo peso da idade. A infantilização não contribui com a saúde física e mental do idoso, toda forma de carinho e de comunicação têm que ser respeitoso e digno. Portanto se você não sabe o nome do idoso com o qual vai se comunicar, pergunte a ele ou a alguém da família. Substituir o vovozinho e vovozinha por Sr. ou Sra. Fulano de Tal faz toda diferença. Respeito é bom e todos o merecem, desde o primeiro até o último dia de vida.