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Junho Violeta

Os dados não são favoráveis, a violência cresce de forma acintosa e é difícil de combater porque ela acontece, em sua maioria, no ambiente familiar, e os agressores são principalmente os filhos, netos, ou cuidadores domiciliares.

Por: Marilene Depes em 3 de julho de 2025

No mês de junho foi discutido e divulgado, em âmbito internacional, a violência contra os idosos. Os dados não são favoráveis, a violência cresce de forma acintosa e é difícil de combater porque ela acontece, em sua maioria, no ambiente familiar, e os agressores são principalmente os filhos, netos, ou cuidadores domiciliares.

A violência principal é a física, envolvendo agressores que consomem drogas e que exigem recursos financeiros para manter o vício, usurpando os cartões ou através de empréstimos consignados, o que caracteriza outro tipo de agressão. A violência também é psicológica, em que o idosos são submetidos ao desprezo, humilhação, desrespeito e negligência. Em muitos casos são abandonados e devido a fragilidade e a dependência emocional com o agressor, entram num quadro de desespero tão elevado que surtam, ou buscam acabar com a própria vida. Outro tipo de abuso é o moral, em que se tenta impugnar aos idosos adjetivos que diminuem sua autoestima ou impõem sentimentos de culpa.

O preconceito também se caracteriza como um tipo de violência, em que a vítima é desrespeitada pelas limitações inerentes à idade. Preconceituosos não têm paciência com a lentidão ou com as dificuldades em acessar redes sociais ou aparelhos eletrônicos, e são despreparadas ou ausentes de empatia nos atendimentos em bancos, unidades de saúde, supermercados, ônibus, enfim, em todos os serviços.

O maior preconceito se refere a sexualidade dos idosos, imagina-se que sejam seres assexuados, e se desconhece o quanto o contato físico é prazeroso em qualquer idade, e que o elã vital proporcionado pelo prazer físico só se extingue com a morte. A crítica e deboche, em relação ao amor entre um casal de idosos, é um tipo de preconceito violento.

Ser idoso não é fácil, o etarismo predispõe a todo tipo de desumanidade. No entanto, o longevo é um herói que atravessou muitas dificuldades e conseguiu sobreviver. Que o junho violeta conscientize do quanto a vida merece ser valorizada, sempre e para sempre. O idoso tem direito a uma vida plena, livre e autônoma.