Crônicas

Magrelas

Fiquei sem carro por uma semana. Um acidente. Descuido de segundos, fruto do cansaço mental, falta de concentração, algo que não deve ser permitido ao motorista.

Por: Sergio Damião em 24 de março de 2022

Fiquei sem carro por uma semana. Um acidente. Descuido de segundos, fruto do cansaço mental, falta de concentração, algo que não deve ser permitido ao motorista. Se o descuido e desconcentração existem sem uma razão aparente, podemos imaginar após uma noite mal dormida, uso de álcool, outras drogas ou uma velocidade maior que a permitida. O carro deixou de ser a referência na mobilidade urbana. Deixou de ser sinal de poder ou de glamour. O bacana, o diferente e moderno é usar a magrela, a famosa bicicleta dos nossos tempos de criança. Cidades como Amsterdã, Paris e Berlim priorizam as ciclovias, facilitam a vida. E o Brasil? Estamos caminhando. Mas não precisamos esperar que o Brasil mude, podemos alterar comportamento e postura. É verdade que os dias em Cachoeiro, mais ainda no verão, não são propícios, para caminhadas ou pedaladas. Mas, tentei, enquanto caminhava pela beira do rio Itapemirim e observava os transeuntes, pensei… Pensei nas notícias do mundo. Na insensatez da guerra; no risco de agressões nucleares; nos governantes sedentos de poder; no absurdo das palavras agressivas às mulheres ucranianas. Nas cidades que evoluem na mobilidade, essas incentivam as ciclo-faixas. Na América do Sul: Buenos Aires, Rio de Janeiro e São Paulo. Na Alemanha, a venda de carros diminuiu, não por problemas econômicos e, sim, pela opção. A indústria automobilística reage com o marketing. Algo semelhante à luta contra o tabaco (acidentes de carros e uso de cigarro são problemas de saúde pública). Enquanto caminhava, ao lado do Itapemirim, vi a dificuldade de ciclistas, disputavam espaços com os carros nas ruas de Cachoeiro. Caminhava com dificuldade por calçadas irregulares. Vi, também, falta de organização para a mobilidade humana em Cachoeiro. Organização da circulação de carros no centro e arredores da cidade e consequente facilitação da passagem de bicicletas e pessoas pelas nossas ruas. Para tanto, precisamos evoluir na proteção do sol e chuva para os que desejam caminhar e transporte coletivo de qualidade para as distâncias maiores. Sonho em deixar o carro e usar as várias alternativas para a locomoção em nossa cidade. Utópico? Talvez. Pior é o nosso marasmo, setor público e sociedade, nem sequer discutimos o assunto.