Crônicas

Não se pode morar mais à beira do rio?

Não é uma obra que oferece dividendos eleitorais, mas é pauta do mais elementar princípio de planejamento

Por: Wilson Márcio Depes em 17 de fevereiro de 2020

A gente pensa que o assunto calamidade passou e que se trata de matéria requentada. Não é bem assim para quem tem o dever e a obrigação social e moral e cristã de cuidar dos atingidos pela enchente e preparar a cidade para o futuro. Acho, sinceramente, que a população cachoeirense agiu de forma solidária, assim também como o prefeito municipal Victor Coelho e seus assessores. Victor é um jovem prefeito que, a rigor, não estaria em condições dar conta de tantas demandas. E se comportou bem, recebendo o reconhecimento da população. Até os mais críticos reconheceram isso. Mas a situação não para por aí. Liguei para o prefeito outro dia, antes mesmo de O Globo publicar, na coluna do Gabeira: “Estou esperando passar um pouco a emergência e visitar algumas cidades atingidas, como Cachoeiro do Itapemirim, Espírito Santo, com uma pergunta: qual o nível de preparação da cidade quando caíram as chuvas?” O que ele pretende? Visa essencialmente a que: “Dessas respostas podem surgir algumas indicações válidas para um universo mais amplo. Não podemos deter as grandes chuvas. Mas o preparo das comunidades é essencial. Há situações que precisam ser planejadas com antecedência.”. Quem me deu a notícia que jornalista Gabeira viria a Cachoeiro foi o seu (nosso) amigo Rogério Medeiros.
Bem, dito isso, não há como o prefeito atual, caso reeleito ou aquele que o suceder, deixar de considerar, como prioridade, o preparo das comunidades para enfrentar as chuvas. Não é uma obra que oferece dividendos eleitorais, mas é pauta do mais elementar princípio de planejamento. Caso contrário, como se viu, teremos uma população em permanente pânico a cada chuva que cai ou que se avizinha. Não se pode morar mais à beira do Rio? Claro que sim. Desde que os administradores se cerquem de bons técnicos e deem prioridade a essas obras, agindo sobre causas sem continuar trabalhando as consequências.
Confesso, sei que isso causará mal estar, mas nunca vi aqui em Cachoeiro um prefeito agindo assim. Por isso, ficamos entregues aos desígnios das chuvas. O que não é possível…