Crônicas

Netos

Ser avô é atingir um estado de espírito sublime e se aproximar de uma epifania. Como se levitássemos em todos os momentos dos encontros.

Por: Sergio Damião em 1 de agosto de 2021

Ser avô é atingir um estado de espírito sublime e se aproximar de uma epifania. Como se levitássemos em todos os momentos dos encontros. Quando nos tornamos avós, evoluímos nos sentimentos e permitimos a liberação de toda espiritualidade. Alcançamos uma das melhores virtudes: tolerância. Nos despimos das vaidades. Eles chegam a nossas vidas como furacões. São assim: surpreendentes e cativantes. Uma sedução natural e instantânea desde o dia do primeiro choro. Um amor que cresce mesmo antes de contatos de pele. Um sentimento fraternal despertado no primeiro batimento cardíaco, ainda que protegido pelo liquido amniótico e a placenta. Entre avós e netos… Uma relação libertadora. Visitei meu neto Bernardo, encontra-se com pouco mais de três anos de idade. Metade do tempo de vida sob a pandemia do coronavirus. Cada vez que vou a São Paulo, ele me surpreende. Sempre fico com a impressão, quando deixo São Paulo e me encontro no Aeroporto de Vitória, que aquele final de semana, foi o melhor que vivi. Porém, logo a dúvida desaparece, a fase mais emocionante, marcante e ainda viva na memória, foi quando começou o vocabulário, as primeiras palavras, lembro bem: Óia, vovô! Vovô Sergio, óia passarinho! Um monte de passarinhos! Estávamos abraçados e próximos à janela. Ele admirava o voo dos passarinhos. Uma linda coreografia nos céus paulista. Em nosso último encontro, ele me puxou pela mão e me apresentou Alexia. Uma caixa de som inteligente da Amazon. A robotização de serviços que implicará no debate das questões econômicas e sociais do mundo. Mas, esse é outro assunto, pois Bernardo encontrava-se em frente à Alexia e pedia música, insistia e nada. Olhou para mim e disse: pede música, vovô. Pedi: Alexia, música alegre. Ela começou: I Will Survive. Difícil não dançar com essa música. Ele dançava e dizia: dança vovô! Vovó Bila, dança… Em Cachoeiro, encontrei João Vitor. Ainda bem novo, em seu primeiro ano de vida, balbuciando as primeiras palavras. caminhando rápido e com a perna esquerda atingindo a bola de futebol. Com o dedo indicador apontando os biscoitos desejados. Enfim, um final de semana para avós orgulhosos.