Crônicas

Nunca de braços cruzados

essoalmente, não posso reclamar das dores propiciadas pelo ano de 22, que está chegando ao fim. Foi um ano, sobretudo, para confirmar a existência de amigos e amigas.

Por: Wilson Márcio Depes em 23 de dezembro de 2022

Pessoalmente, não posso reclamar das dores propiciadas pelo ano de 22, que está chegando ao fim. Foi um ano, sobretudo, para confirmar a existência de amigos e amigas. Aliás, foi um ano para confirmar, com firma reconhecida, essas amizades. Até com título de Cachoeirense Presente fui presenteado. Basta dizer que aqui no meu canto de página fui respeitado pelo nosso diretor Júnior. Ele me deixou falar sobre o que eu bem quis. Mesmo nos assuntos políticos. Correu o risco de perder publicidade, mas respeitou o direito de informar e ser informado. Respeitou, sobretudo, o direito de opinar e de criticar. Enfim, entendeu que a crítica jornalística é uma forma de liberdade de expressão.

Filho de mineira, lembro, porém, o velho Drummond: “um dia desses, eu separo um tempinho e ponho em dia todos os choros que não tenho tido tempo de chorar”. Convivi com uma pergunta, de todos os anos, feita por minha mãe, agora lá de cima: “Que dia mesmo é o programa de Roberto Carlos?”.

Assisti à diplomação de Lula e Alkmin. E vi a figura do ministro Alexandre de Moraes destacando-se de uma penumbra sem fim de incerteza sobre a democracia, expurgando tudo que a ameaçou. Naquele momento me senti orgulhoso de mim mesmo e de tantos que formaram uma frente, sem medo, para preservar o bem maior: a democracia. Sempre achei, jovem vindo do período sofrido da ditadura, que não possuía motivo para permanecer de braços cruzados diante da imensa tarefa a realizar. Penso hoje – sem ódio ou indiferença – que os derrotados que optaram por um estado que não é de Direito acabarão por acostumar ou mesmo se adaptar – até mesmo por nostalgia – pois se adaptam a tudo.

Digo sempre: liberdade não é benesse ou favor que devemos esperar de braços cruzados – maná a cair dos céus para saciar a fome do povo eleito. Através do séculos liberdade tem sido direito conquistado na luta. Afinal, o que sempre espero, como em Isaias, que construirão casas e nelas se habitarão, plantarão vinhas e comerão dos seus frutos. Já não construirão casas para outros ocuparem, nem plantarão para outros comerem.