Artigo

O ano em que o básico virou o verdadeiro luxo

Um ano que veio para nos fazer sentir, para despertar medos, dúvidas, rever conceitos, encarar de frente os conflitos e nos provocar a confiar em uma força para além de nós.

Por: Janine Bastos em 11 de fevereiro de 2021

2020, um ano que veio para nos apresentar vazios, para experimentarmos perdas, onde nos aproximamos dos desconfortos.
Um ano que veio para nos fazer sentir, para despertar medos, dúvidas, rever conceitos, encarar de frente os conflitos e nos provocar a confiar em uma força para além de nós.
Descobrimos aqui, neste ano, que fez questão de gritar, em alto e bom som, as nossas limitações.
Nos unimos, mesmo que isolados, com o foco e com objetivo de aprendermos a lidar com a nossa limitação e impotência.
Para muitos todos esses contatos com as nossas impotências, foi enlouquecedor, muitos negaram, muitos se foram, muitos encararam, sobreviveram.
E agora, findado este ano, aqui estamos, sem saber compreender, como de fato nos transformarmos a partir desta experiência, em uma nova realidade mundial.
A de que, não somos tão maravilhosos assim, um baita rasgo, furo no nosso narcisismo.
Somos um, e esse não é um clichê, experimentamos na pele, na vida, que de forma clara apresentou essa realidade.
O que faremos com essa experiencia vivida, ainda não sabemos.
Fica um convite para diminuirmos o nosso ritmo interno, olharmos de frente para nosso egoísmo e passividade diante deste sistema capitalista e caótico, pode ser uma resposta inteligente e coerente de organizarmos esse caos, que estamos construindo, no mundo e nas nossas relações.
É preciso calma para nos conhecermos, para acessarmos nossa essência, nosso valor e com eles em mãos ampliarmos nossa capacidade de compreender o mundo.
O básico virou o verdadeiro luxo, decretou 2020.
Que possamos cuidar do básico, com zelo (higiene, saneamento, educação) no micro (nosso lar), e no macro (sociedade).
Para que possamos desfrutar não apenas daquilo que o dinheiro pode comprar, mas também e sobretudo daquilo que temos de mais valioso e que nos é essencial enquanto sujeitos e sociedade.
Ele se foi, 2020 acabou, mas que não deixemos passar a realidade escancarada que ele veio nos apresentar.