Crônicas

O cuidado com a violência eleitoral

Infelizmente, por motivos profissionais, não fui à Feijoada de nossa LEIA. Eu que falei tanto sobre o tema na crônica passada.

Por: Wilson Márcio Depes em 6 de setembro de 2022

Infelizmente, por motivos profissionais, não fui à Feijoada de nossa LEIA. Eu que falei tanto sobre o tema na crônica passada. Fiquei no meu escritório trabalhando. No período eleitoral os prazos são curtíssimos. Pior pra mim, né? Bem, dito isso, o assunto que toma conta das conversas, hoje, até mesmo nas rodas familiares, é a eleição. Cada um possui o direito de opinar, escolher livremente seu candidato, expor sua opinião, de forma democrática, mas, estranhamente, estou percebendo que os ânimos se alteram com muita facilidade. A meu sentir, aqui falo como advogado, o ministro Alexandre de Moraes, agiu corretamente em divulgar explicações sobre a operação deflagrada pela Polícia Federal (PF) na semana passada contra um grupo de oito empresários bolsonaristas que, em conversas num aplicativo de mensagens, prestava apoio a um golpe que mantivesse o presidente Jair Bolsonaro no cargo e evitasse a volta ao poder do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ora, teor absurdo das conversas precisa ser repudiado, como foi, com veemência por qualquer um que conhece o nosso passado sob a égide do golpe militar ou que tenha alguma preocupação com o futuro da democracia brasileira. Elas (conversas) traziam indícios concretos de que os empresários estavam mesmo tramando ou financiando atos de cunho golpista. Diz um colega de profissão que eles apenas manifestavam um desejo sem fundamento nem cabimento e que teria ficado a uma dúvida legítima sobre o embasamento da decisão do Ministro. É bom que se diga, para manter o equilíbrio da narrativa, que uma das mensagens é do empresário José Koury: “Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”.
Dois dos empresários que participaram das conversas são associados a inquéritos que já tramitavam na Corte, investigando o financiamento da disseminação de notícias fraudulentas sobre o sistema eleitoral, ameaças aos ministros do STF e a organização de manifestações antidemocráticas, como os atos golpistas de 7 de setembro do ano passado. Para autorizar a operação, Moraes se baseou num pedido da Polícia Federal e numa manifestação do juiz instrutor Airton Vieira. O que de errado tem a decisão? Continuo respeitando a nossa luta para termos uma Constituição Cidadã, que prevê a democracia em todos os sentidos. Aliás, me orgulho disso.