Crônicas

O que esperamos do Ano Novo

Vamos ingressar num pequeno recesso. Assim como o da Justiça. Por isso, esta, por óbvio, será a última crônica do ano. Depois, só em janeiro.

Por: Wilson Márcio Depes em 23 de dezembro de 2023

Vamos ingressar num pequeno recesso. Assim como o da Justiça. Por isso, esta, por óbvio, será a última crônica do ano. Depois, só em janeiro. Isso me permite observar o final de ano de cada um, mesmo que seja nos textos que mais me emocionam, em busca de um pouco de alegria, numa fase tão dramática da existência, sobretudo em razão das guerras.

Por exemplo, o velho Rubem Braga, lá trás – seriam outros tempos? –  comentava, solitário, “que dou alguns telefonemas, abraço à distância alguns amigos. Essas poucas vozes, de homem e de mulher, que respondem alegremente à minha, são quentes e me fazem bem. ‘Feliz Natal, muita felicidade!’; dizemos essas coisas simples com afetuoso calor; dizemos e creio que sentimos; e como sentimos, merecemos Feliz Natal!’”. Mas, observo, isso foi lá em 1951. Estaríamos vivendo o mesmo sentimento?  Será diferente? Preciso dizer. Vivemos em tempos de inteligência artificial e suas mil e umas consequências.

Na mesma trilha, em busca de alguma coisa mais, encontro Drummond: “Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre”.  Será?

Olhando para frente podemos anunciar muita coisa. Cada um dentro de seu mundo, do que fez ou o que fizeram de sua vida. E o mundo com o outro. Não podemos esquecer, mesmo nesses momentos de confraternização, que a ciência, dentro do possível, venceu um período de isolamento social terrível que até hoje mora dentro de nosso inconsciente. Claro que é necessário lembrar o francês George Bernanos: “A vida ensinou-me que ninguém é consolado, sem que tenha primeiro consolado outros; que nada recebemos, sem que primeiro tenhamos dado. Não morremos apenas cada um por si, mas um por outros, e algumas vezes uns em lugar de outros”.

Feliz Natal a todos os leitores. Um Ano Novo mais feliz ainda. Meu abraço amigo.  Até a próxima.