Crônicas

O retorno do Rei

Ninguém recebe um título dessa envergadura sem merecê-lo, a não ser quem se origina de famílias monárquicas. Não, trata-se de um Rei que nasceu de família humilde.

Por: Marilene Depes em 24 de abril de 2023

Ninguém recebe um título dessa envergadura sem merecê-lo, a não ser quem se origina de famílias monárquicas. Não, trata-se de um Rei que nasceu de família humilde, numa cidade do interior, com uma deficiência física grave, e que tinha o dom de cantar e uma força interior que se sobrepunha às dificuldades. Um menino tímido que tinha tudo para se tornar um complexado, infeliz e medíocre. Se analisarmos pela lógica, um coitadinho.
E esse menino de Cachoeiro de Itapemirim começou a cantar aqui na Rádio Cachoeiro e daqui foi para o Rio de Janeiro sozinho, com seu dom e sua determinação. Nenhum mecenas rico e famoso para apadrinhá-lo. Ele foi despontando no cenário nacional cantando suas baladas e rocks, se juntando a outros jovens idealistas como ele, compondo suas canções, e sua fama se espalhou quando passou a ter seu próprio programa na TV. A Jovem Guarda era o programa de maior audiência, que lançava novos talentos e arrebatava a juventude.
Ele foi se tornando famoso com suas composições românticas, músicas que tocam o coração, que falam de sentimentos que nunca morrem e que emocionam. Seu repertório é vasto, nunca foi um cantor de alguns sucessos e sim de centenas deles. Sua fama se espalhou pelo mundo, foi vitorioso em festival de música na Itália, é reconhecido internacionalmente, cantou com os maiores intérpretes do mundo.
Talvez, para os jovens de hoje, que admiram ídolos que surgem e desaparecem – cantores de poucos sucessos, seja difícil entender que manter-se na mídia por mais de meio século é um feito de um artista magistral; enfim, de um Rei. Que lota estádios até hoje, aqui no Brasil e em qualquer cidade do mundo onde se apresente, que dirige sua carreira e sua vida com dignidade e ética, nunca se envolvendo em escândalos, e mantém a mesma equipe há décadas, o que significa o respeito com que deve tratá-los. Que monta seus shows com tamanha precisão que não há falhas. E nos presenteia mais uma vez com sua presença, Roberto Carlos, ele que é Rei, ontem, hoje e sempre!