Crônicas

Racismo estrutural

No Brasil o racismo é estrutural, histórico, cultural, uma condição social criada pelos ancestrais europeus e orientais, que ávidos por dinheiro e poder, organizaram um sistema de enriquecimento através da exploração das pessoas.

Por: Marilene Depes em 5 de outubro de 2020

No Brasil o racismo é estrutural, histórico, cultural, uma condição social criada pelos ancestrais europeus e orientais, que ávidos por dinheiro e poder, organizaram um sistema de enriquecimento através da exploração das pessoas. O racismo é horroroso e denigre uma raça. O grupo mais afetado é o das mulheres negras, que na base da pirâmide social são as maiores vítimas, elas e seus filhos. Enfim, a violência contra as pessoas negras é naturalizada, 75% dos jovens assassinados são negros. As pessoas não se chocam quando observam a maioria de brancos nos espaços de poder, enquanto que 52% da população brasileira é negra, e a luta pela construção de uma sociedade melhor começa pela luta contra o preconceito. O Brasil foi o último país do mundo a libertar a escravidão em 1888, e em represália se criou o estigma que negros não gostam de trabalhar, e ainda é muito difícil um negro ascender economicamente. Brancos tem maiores salários, sofrem menos com o desemprego e são a maioria nas faculdades, ao contrário das penitenciarias em que a maioria são pretos e pardos. Inclusive o Brasil é o país que lidera em assassinatos de mulheres e negros.
As oportunidades que usufruem os brancos não são dadas aos negros, nosso papel hoje é rejeitar sistematicamente e tentar reparar os absurdos cometidos no passado, e que impedia aos negros receber educação formal, exercer sua religiosidade, ter enfim sua cultura respeitada, e ter as mesmas oportunidades de trabalho, afinal 56% de empresas não contratam negros. E assistimos a uma rede de lojas tentar reverter essa situação e anunciar um processo de admissão direcionada aos negros. A empresária Luiza Helena Trajano, das lojas Magalu, está sofrendo todo tipo de críticas e acredita que entrarão até judicialmente contra o processo seletivo, acusando a marca de racismo reverso, mas ela anunciou que não vai desistir. Acredita que está fazendo sua parte para tentar reverter o racismo estrutural brasileiro, e a Bayer adere ao exemplo, a ser seguida por outras empresas.
O racismo se apresenta em palavras e expressões como denegrir, mulato, mercado negro, magia negra, lista negra, preto de alma branca, todos pejorativos. E o racismo pode ser subliminar, é cultural e às vezes nem se percebe o quanto está entranhado. Cito exemplo concreto, assistindo televisão com meu neto comentei: – como essa negra é linda! E ele contestou. – Vó, você está sendo preconceituosa. Entendi profundidamente, negras lindas não são raras exceções, todas as mulheres podem ser lindas, independente de raças ou cores.