Crônicas

Setembro

No conto seus personagens vivem em nosso passado e se aventuram no futuro, de maneira que o presente seja modificado.

Por: Sergio Damião em 12 de setembro de 2022

O conto difere da crônica pelo fato de contarmos algo mais minucioso e de uma aparente maior complexidade. Embora um texto curto, seus personagens e pessoas descritas parecem prolongar-se dentro da nossa alma – nos mais profundos sentimentos; nos mais longínquos estertores. No conto seus personagens vivem em nosso passado e se aventuram no futuro, de maneira que o presente seja modificado. O texto nos modifica, apresenta um novo mundo, transformam ideias, e alternamos alegrias e tristezas. Em frente a um conto nunca ficamos indiferentes. É o meu gênero literário preferido. A crônica permanece fiel aos fatos, preocupa-se com as coisas presentes, apesar de buscarmos a todo o momento as nossas reminiscências, o presente se mistura às coisas vividas… A crônica não se preocupa com o futuro. Recusa a ficção. Na crônica nos expomos e nos apresentamos como realmente somos. Surpreendemos leitores e aqueles com quem convivemos. A crônica nos desnuda e aparecem coisas de nós mesmos a todo instante, é um retrato da realidade, mesmo que fantasiada. Afinal somos atores em nossas próprias vidas.
Na crônica vivemos em detalhes os meses dos anos. Vamos nos metamorfoseando-se. Alteramos escritos, pensamentos, ideias… As estações do ano permitem isso. Mesmo quando envolvidos nos afazeres do dia a dia. Na crônica, sentimos frio e calor; vivemos no sol e chuva; enxergamos as pequenas diferenças. Em nossa região em breve florescerá o Flamboyant e a Acácia: um colorido aparecerá. Setembro se aproxima. Estação marcante em nossas vidas. Aproxima-se o fim do inverno; inicia-se a primavera. Nela, em Cachoeiro, o dia começa mais cedo, a claridade dos raios solares e o vermelhão do nascer do dia, ilumina o Itabira e o Frade e a Freira. Bem cedo, mostra com nitidez as pedras e os morros da nossa cidade. Neste mês de setembro, próximo à Praça dos Macacos e junto a Avenida Francisco Lacerda de Aguiar, observo a Castanheira. As suas folhas amarelas, alaranjadas e até vermelhas, esparramam-se pelo chão. Neste ano, ficarei atento às folhas que preenchem a rua e observarei os troncos de árvores quase vazia de folhas e frutos. Nos seus troncos lisos e secos verei as flores lindas que virão. Terei a melhor visão de uma manhã cachoeirense.
Setembro é diferente. Inicia a primavera, lembra as flores e o amor. Nos leva à pintura de Botticelli e o Nascimento de Vênus. Lembra a Prevenção do Suicídio (Setembro Amarelo) e a Doação de Órgãos e Tecidos (Setembro Verde). O suicídio é uma causa de morte traumática crescente em todo o mundo, no Brasil principalmente. As causas são variadas: doenças psiquiátricas, alterações comportamentais, estilo de vida, uso abusivo de álcool e outras drogas. O suicídio tem o preconceito como um dos maiores obstáculos para diminuirmos sua incidência. Na Doação de órgãos (rim, coração, córnea…) a vida pode ser estabelecida em outra pessoa. Com isso, além da beleza dos dias, celebramos a solidariedade e o altruísmo – doamos o que temos de melhor, nossa espiritualidade. A ação solidária depende de nós mesmos.