Crônicas

Uma dor no coração

Há escritores que acompanho a vida toda. Quando deixo de ler o que eles escrevem me acomete um sentimento de culpa – seria culpa? - terrível.

Por: Wilson Márcio Depes em 18 de setembro de 2023

Há escritores que acompanho a vida toda. Quando deixo de ler o que eles escrevem me acomete um sentimento de culpa – seria culpa? – terrível. A sensação que tenho – e digo isso sem qualquer presunção – é que nosso coração bate sincopado. Foi assim como Gabriel Garcia Marques, Rubem Braga, Armando Nogueira, e por aí vai. Agora, não deixo de ler, por exemplo, Dorrith Harazin, todos os domingos em O Globo. Veja você, caro leitor, no caso Ana Moser. Ah, fiquei muito triste com a saída dela do Ministério dos Esportes. Não consigo entender as injunções políticas quando a competência e a decência estão acima de tudo. Diz Dorrith que “Atleta consagrada e cidadã engajada, Ana Moser não tinha padrinho político nem peso partidário. Dentro e fora das quadras, sua filiação sempre foi ao esporte com “E” maiúsculo — aquele que forma, educa, constrói uma sociedade saudável e participativa.”
Ora, “despejada do ministério que ocupou por apenas 245 dias, foi substituída por um apadrinhado do cacique Arthur Lira, presidente da Câmara de Deputados, em nome de um sempre incerto apoio do Centrão à governabilidade do presidente Lula. Apesar de anunciada e esperada há semanas, a troca não é banal. Ela foi doída por retratar o menosprezo secular dado à função social do esporte no Brasil e por ocorrer justo quando a pasta embicava na busca de políticas públicas de alcance duradouro. Por si só, o nome de Ana Moser gerava orgulho e confiabilidade nacional — das alegrias nas quadras, então, nem se fala! E não deixa de ser ironia ter sido substituída por um deputado federal, André Luiz de Carvalho Ribeiro (PP/MA), que trocou de sobrenome pelo apelido do pai, prefeito de Alto Alegre do Pindaré, para fazer carreira política: Fufuca. Ou Fufuquinha.”.
Haveria alguém pra dizer tão impecavelmente o que ando sentindo? Quando assisto, na tv, a uma entrevista da Ana, sinto profunda tristeza. Como a política pode fazer tão mal às pessoas. Pelo menos, Ana, pelas alegrias que seu vôlei me proporcionou. Fica, pelo menos, o meu protesto. E olha que estou muito bem acompanhado… Sobra-me o desgosto de saber que Ana foi substituída por um Fufuquinha…