Artigo

Vivendo e aprendendo

Para onde me conduzirá, o meu não saber? Por quais caminhos novos e ainda desconhecidos, ele me conduzirá, a conhecer?

Por: Janine Bastos em 24 de abril de 2021

Para onde me conduzirá, o meu não saber?
Por quais caminhos novos e ainda desconhecidos, ele me conduzirá, a conhecer?
Ah, a vida e as suas contradições.
Quem é que poderia imaginar, que é o desconhecido, que nos leva a conhecer.
Os ansiosos não dormem, sofrem, se machucam querendo conhecer, saber, antes mesmo de viver, de se permitir experimentar.
O não saber. É nele!
É no vazio, que o conhecimento é possível de florescer. Não é gostoso, não.
Não ter controle, certezas ou perfeito entendimento.
Confunde, dá medo, chacoalha com as emoções, com as intenções.
Mas é preciso se dar tempo, para assentar as emoções, as confusões.
E assim, ir separando, identificando, organizando e através da organização do caos, o entendimento pode aos poucos vir chegando, como um idoso, com sua bengala, que não tem pressa, afinal tem o tempo como seu amigo, aliado, diferente de nós jovens, que temos pressa, que queremos para ontem, e que lutamos contra o tempo.
Mas é fato, para quem está a buscar, hora ou outra o conhecimento vem, senta-se ao nosso lado, descansa as pernas e estaciona a sua bengala, e se acomoda como quem não tem pressa em dali sair, afinal tem escrito nas pernas o tanto que já percorreu, e de maneira mansa sem pretensões de querer ensinar para quem já acredita saber de tudo, ele se recosta, e se colocar a falar, para aqueles que nele quer acreditar.
Na verdade, sabe que está ali para ensinar, partilhar com aquele que se permite esvaziar de si, para ver caber ali, no vazio do seu não saber, um novo conhecimento.
Que pode sim pegar carona no conhecimento do outro, e a partir dali agregar as suas percepções particulares e intenções.
E assim, se permitindo ter e se dar tempo de ver desabrochar o entendimento de que é apenas percorrendo, caminhando pela estrada da vida, que acessamos a melhor e talvez a única maneira de aprender com a vida.
Não se engane não, com a vida se aprende vivendo, há quem viva sem aprender, isso é fato, mas é que estes, não se permitem não saber, já se preenchem de seu narcisismo e se envenenam com as suas próprias certezas, que intoxicam a vida, impedindo de extrair dessa força maior o conhecimento, como um extrato, que só é dado àqueles que se permitem com o não saber, aprender.