Crônicas

Alcunhas

Para os brasileiros, apelido. Para os de língua castelhana, sobrenome. No Brasil, forma de tratamento entre o carinhoso e depreciativo. Utilizado para uma aproximação entre familiares, amigos e colegas de trabalho.

Por: Sergio Damião em 23 de maio de 2022

Para os brasileiros, apelido. Para os de língua castelhana, sobrenome. No Brasil, forma de tratamento entre o carinhoso e depreciativo. Utilizado para uma aproximação entre familiares, amigos e colegas de trabalho. Também, por aqueles que buscam o constrangimento do outro. No apelido conferido de forma carinhosa crescemos sem a identidade oficial, ficamos conhecidos por outro nome e aos poucos abandonamos o verdadeiro nome. O bom apelido parece um desejo de todos, pois, deixamos nos chamar no diminutivo ou aumentativo, escolhemos aquele que nos sentimos melhor. Talvez um desejo disfarçado por outra vida ou por um modo diferente de viver. Nos esportes é grande o número de apelidos. No futebol são os mais conhecidos: Pelé, Zico, Zito, Careca, Dinamite, kaká… Uma marca, um marketing. Como na idade média, alguns nomes estão associados ao local de origem e nascimento da pessoa: Renato Gaúcho, Marcelinho Carioca, Juninho Pernambucano… As contradições existem: Jogador cabeludo chamado careca; Magrão com grande massa muscular e tecido adiposo. Para os políticos fica mais fácil a lembrança do eleitor em época de eleições. Preferem ser chamados pela parte mais forte do nome, geralmente ligado ao da família. Fora a referência familiar, o partido político também é utilizado, menos frequente nos dias atuais, com o enfraquecimento partidário. Na história do Brasil o mais marcante foi Tiradentes, na Conjuração Mineira de 1789, nasceu Joaquim José da Silva Xavier. Dos grandes generais, o grego se sobressai: Alexandre, o grande. Deixa a impressão de um gigante. O mito e fama da grandiosidade se justificam pelas estratégias e conquistas militares, porém, media pouco mais de metro e meio. De todos os apelidos, o que mais gostamos é o que carregamos de berço. Geralmente criado por um dos irmãos, sem uma explicação lógica, as vezes por uma palavra mal pronunciada que os pais assimilam e incentivam o uso, para facilitar a comunicação entre os filhos. No pequeno nome guardamos o som de batida da bola no chão de barro, ou mesmo, nada ouvimos ou vemos. Apenas guardamos lembranças de uma tarde chuvosa, e de silêncio, em um longo Cais para aviões, que nunca pousaram, na beira de um braço de mar.