Artigo

Camarão que dorme a onda leva

A maturidade nos faz enxergar longe, como farol alto, nos faz ligar o pisca alerta, diante das questões que iremos precisar discernir melhor, ela também nos frustra.

Por: Janine Bastos em 6 de fevereiro de 2023

A maturidade nos faz enxergar longe, como farol alto, nos faz ligar o pisca alerta, diante das questões que iremos precisar discernir melhor, ela também nos frustra, pois nos faz enxergar as expectativas que criamos e como sabemos, as expectativas são o passo mais curto para a frustração, mas a esta altura do campeonato, sabemos que cair em si, pode ser a pior das melhores quedas.
A maturidade nos convida a acordarmos para o real, enquanto nas outras fazes nos envolvemos com as fantasias de um ideal, que nunca chegará.
A verdade é que depois de tanto brigar, lutar, aceitamos, fazemos as pazes com a realidade, afinal é o que de fato temos.
Mas, ok, sabemos, desenvolver a maturidade é duro, precisamos rir, chorar, por nós mesmos, por nossos planos e escolhas, encarar de frente a nossa insegurança, que diz em voz alta:
-Para onde você deseja ir mesmo?
Nossa realidade interna muitas vezes é cruel, conhecê-la, impor limites, tomar doses extras de coragem, que nos permita ir além, das inseguranças que assumimos como nossas, quando paramos de a projetar no outro, segue sendo a pior, das melhores quedas.
A verdade é dura, porém necessária.
Dizer sim, aos medos, às escolhas, ao escuro, à vida ainda incerta, às possibilidades, mesmo diante do não saber o que virá ali na frente, é um grande desafio, dizer sim a vida, a que pulsa dentro e acreditar na vida que acontece fora de nós, nos solicita coragem, pois é preciso nos arriscarmos.
E nesta altura do campeonato, onde a grande maioria se preocupa muito mais em manter uma imagem de bem sucedido, experimentando muitas vezes uma exaustão física, própria de quem além do trabalho e responsabilidades habituais, precisa trabalhar ininterruptamente para sustentar uma farsa, um papel.
Pois nunca seremos apenas bons e largar este ideal e assumirmos este real nem sempre é fácil, mas sustentar este ideal de ser humano perfeito, é igualmente difícil, para não dizer impossível.
E já que este período nos remete ao novo, para que ele se dê, é preciso estarmos atentos e bem vivos, afinal camarão que dorme a onda leva.
Então, bora aprender a lidar com a realidade sem fugir, maquiar ou mascarar, e nos fortalecer através dela.