Crônicas

Dia Internacional da Mulher

No Brasil a cada 7 horas morre uma mulher vítima de feminicídio

Por: Marilene Depes em 16 de março de 2020

O dia 8 de março foi instituído como Dia Internacional da Mulher. A data rememora o assassinato de centenas de operárias, queimadas vivas por policiais, numa fábrica de Nova York, porque reivindicavam a redução da jornada de trabalho e o direito à licença-maternidade. Durante as Conferências das Mulheres da Internacional Socialista, em Copenhague, em 1910, foi sugerido que o Dia da Mulher fosse celebrado todos os anos. Em 1975, foi instituído o Dia Internacional da Mulher, pelas Nações Unidas, e é comemorado em mais de 100 países, e ignorado nos países em que as mulheres sofrem todo tipo de opressão.
O que observamos é que a data é festivamente celebrada, no entanto não há o que se comemorar enquanto os direitos das mulheres não forem amplamente respeitados. É um dia a ser marcado por protestos, denuncias e por manifestos relembrando as lutas sociais, políticas e econômicas das mulheres. Tenta-se transformar em festividade e oba oba, e depreciar uma data tão importante, cujo maior objetivo é a manifestação maciça das mulheres em defesa de seus direitos. Tenta-se, em geral, desqualificar ações, profissões, enfim, todos os espaços de representação majoritária feminina.
No Brasil a cada 7 horas morre uma mulher vítima de feminicídio, dados comprovam mais de 180 estupros por dia, um estupro a cada 11 minutos, em geral com vítimas crianças e dentro das próprias casas. Os crimes de feminicídio e estupro não escolhem raça, cor, classe social ou idade. A mulher sofre preconceito, assédio, desvalorização do seu trabalho, dupla jornada, salários incompatíveis, e todo tipo de violência – psicológica, moral, sexual, financeira e física. Quando a violência culmina com a morte, vale ressaltar que, ela já foi vítima de todos os tipos de abusos.
No dia 8 de março não queremos flores ou bombons, o que nós reivindicamos nesta data e nos demais dias do ano é que sejamos respeitadas em dignidade e em direitos. É um dia de manifesto e entendimento para homens e mulheres, de que a luta continua, enquanto há desigualdade entre os gêneros. E cabe a nós, educadoras dos nossos filhos, a responsabilidade de criarmos cidadãos conscientes, afinal, infelizmente, o machista também é filho de uma mulher. E buscarmos a educação, o mercado de trabalho e a independência, tanto para os nossos filhos, quanto para as nossas filhas. Quem sabe no futuro possamos comemorar com flores o 8 de março?