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Inflação, é você?

A exemplo dos EUA, muitos governos criaram uma espiral inflacionária ao manter todos os pacotes assistencialistas da pandemia após a reabertura e retomada dos mercados.

Por: Redação em 14 de novembro de 2022

Em pronunciamento feito em junho de 2022 ao Wall Street Journal, a Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen admitiu que os estímulo econômicos implementados pelo governo americano tiveram papel importante no aumento da inflação, defendendo, contudo, que os gastos eram justificados para que uma recessão fosse evitada.

A exemplo dos EUA, muitos governos criaram uma espiral inflacionária ao manter todos os pacotes assistencialistas da pandemia após a reabertura e retomada dos mercados. Com essas ações, esperava-se um aumento da demanda, o que, de fato, ocorreu. Porém, com ela também veio a alta da inflação e das taxas de juros.

Vale lembrar que tudo que o governo gasta é pago por você, cidadão. Não existe dinheiro grátis, não existe benefício grátis. Gastos vertiginosos não evitam recessões, já que o aumento desorientado da oferta monetária deteriora, justamente, o poder de compra dos consumidores. Isso, porque a criação artificial de dinheiro somada a gastos deficitários são lados da mesma moeda. Na medida em que a riqueza do país continua a mesma e que os preços continuam os mesmos, a criação de mais unidades da moeda em circulação apenas faz com que o poder de compra do dinheiro diminua.

A história se repete no mundo inteiro. Sob a justificativa de que “é para o bem comum”, governos e seus bancos centrais continuam aplicando políticas socioeconômicas de estanque baseadas em acúmulo de dívidas que serão pagas via impostos, inflação ou ambos. Não faltam incentivos para a perpetuação dessa estratégia, pois quando ela começa a dar errado – e, acreditem, sempre dá -, o Estado culpa as empresas, a geopolítica, a camada financeiramente privilegiada ou qualquer outro fator externo à sua própria atuação.

Enquanto os cidadãos acreditarem que o governo pode criar riqueza por meio da “simples” impressão de dinheiro, os governos o farão, apresentando-a como solução para o problema que eles mesmos criaram. Se a inflação fosse consequência da oferta e da demanda, conforme muitos políticos – e economistas de opiniões duvidosas – proferem displicentemente, a Argentina e a Venezuela teriam inflação baixa. O problema é aumentar a oferta de moeda e enfraquecer a demanda por ela.

A verdade é que os altos custos estatais atrelados à impressão exponencial de moeda são um processo de expropriação, em que o governo expande seu tamanho às custas do resto da população. Para aqueles que anseiam por mais Estado, o cenário é um prato cheio: menos crescimento econômico, inflação mais alta e indivíduos mais pobres. Como muito bem colocado por P.J. O´Rourke, “o Estado se interessa pelas pessoas da mesma forma que as pulgas se interessam pelos cães.”.

Juliana Bravo é formada em Direito pela FDV, Mediadora pela FGV, cursou Governament Studies pela Harvard Kennedy School, é sócia da Stono Consultoria e da Biotríade Arqueologia, é Associada Honorária do Instituto Mais Líderes, Associada I do Instituto Líderes do Amanhã e Vice-Presidente do MESSES