Artigo

Prolixo

Dia desses fui surpreendido, ouvi: Sergio, não seja prolixo. Prolixo: palavra derivada do latim, algo extenso, longo. Pior, tediosamente extenso e cansativo pela grande quantidade de minúcias inúteis, supérfluas.

Por: Sergio Damião em 16 de junho de 2021

A linguagem, com os vários idiomas e dialetos, além da riqueza cultural e histórica de um povo, permitiu a perfeita interação humana e os avanços sociais. Todo sucesso depende de uma boa comunicação. Uma arte que alguns aprendem; outros apresentam naturalmente. Dia desses fui surpreendido, ouvi: Sergio, não seja prolixo. Prolixo: palavra derivada do latim, algo extenso, longo. Pior, tediosamente extenso e cansativo pela grande quantidade de minúcias inúteis, supérfluas. Parece que em tempos atuais as pessoas perderam a paciência. Com a pandemia do Coronavirus: SARS – CoV -2 – Covid -19, e suas variantes, nos modificamos mais ainda. Exigem a laconicidade pelo distanciamento social e pelo medo, pedem: seja breve. Lacônico (muito breve, ao falar ou escrever; seja de poucas palavras). Um quase, não me canse. A paciência já não se encontra no consultório médico. Perguntam: Doutor, o que tenho? Um diagnóstico definitivo deve ser feito de pronto. Algo, muitas vezes, impossível. Os sinais e sintomas de uma doença podem não aflorar de imediato. Também, nós mesmos, ficamos mais lentos com o passar dos anos. Ou, preferimos algo explicado em detalhes com medo do erro presencial ou constrangimentos em redes virtuais. Muitas pessoas permanecem com pressa. O tempo tornou-se um instantâneo. Instantâneo na imagem, no diagnóstico de uma doença, na cicatrização de uma ferida cirúrgica, nas respostas… Como na maioria das vezes não as temos, tornamo-nos vitimas das nossas angústias e nossas próprias agressões. Vitimas de nós mesmos. Devemos ser concisos: termos mais próprios e significativos, sem redundâncias; sucintos: apenas ideias essenciais, sem pormenores. Mas as pessoas, em sua correria diária, mudam de humor – ora desejam as explicações minuciosas; em outros momentos, de um mesmo dia, nada querem ouvir. Os que explicam se cansam. Tornam-se lacônicos, palavra derivada do grego, dos espartanos – do povo que discursava brevemente. Assim: um recado deve ser lacônico, conciso e sucinto. Pena, com o passar dos anos, o medo de errar, ou não se fazer entendido, nos deixa totalmente diferente dos guerreiros espartanos. Com o cansaço dos anos de vida, na comunicação, nos aproximamos de um veterano de guerra.