Artigo

Quem disse, que você tem que querer?

Gritava a mãe ou pai em seus momentos de fúria, a criança amedrontada se tencionava inteira e assim seguia aceitando a dura realidade, a de não ter querer.

Por: Janine Bastos em 6 de setembro de 2021

Gritava a mãe ou pai em seus momentos de fúria, a criança amedrontada se tencionava inteira e assim seguia aceitando a dura realidade, a de não ter querer. E hoje o adulto adoece, entristece, chora internamente pelos sepultamentos de tantos quereres que não se deram, afinal de contas, depois de tanto ouvir: – Quem disse que você tem que querer?
Acabou cedendo ao medo e acreditando de fato, que precisava se desconectar do seu EU, que deseja, que tem vida.
Uma vez ciente, o sangue aquece, a circulação acelera, enrijece os músculos, e experimenta uma raiva que clama por expressão. Ex pressão, no passado, é que depois de se expressar é possível relaxar, sossegar, acalmar.
Mas, quem disse que você sente tudo isso?
Afinal, quem não pode desde muito cedo querer, precisou aprender a deixar de sentir.
Foi assim, sem perceber, deixando de existir, passou a ter medo da vida.
É preciso força, é preciso contato, é preciso coragem, para ir além do que nos foi negado, imposto, negligenciado ou proibido.
Se faz necessário alguma carga agressiva para, para construir, para ir além, do que lhe foi permitido querer, sentir, existir.
Quem disse que você tem que querer?
Perguntavam os pais, em uma fase da vida, onde ser obediente, lhe assegurava se não a vida, os dentes e a dignidade.
Hoje, porém, todo excesso de obediência, pode ser atuada como passividade diante dos seus desejos e objetivos na vida.
Tenha força, para sentir e reconhecer o seu querer, garra, agressividade, que pode ser entendida como coragem, força e fé, para ir além, para ir ali, na vida, construir com as próprias mãos o que lá atrás, pode te ter sido negado.
Fácil não é, cavucar dentro. Retirar de dentro para fora entendimentos, situações que fazem sentido, para que te desperte a agir diferente das programações pelas quais passamos, dá trabalho.
Mas traz a consciência comportamentos que reproduzimos e nos identificamos tanto – afinal desde muito pequenos começamos a funcionar assim- que muitas vezes dizemos:
– Eu sou assim!
Decretando assim o nosso destino.
Uma vez consciente do que sustentava tais padrões é possível construir novas possibilidades, permitir que os desejos sejam vistos e modelados, para que ganhem formas, e objetivos concretos.