Crônicas

Sem causar mal

Nome do livro do Dr. Henry Marsh, neurocirurgião inglês, Chefe do Departamento de Cirurgia do George’s Hospital, em Londres, desde 1987. Premiado em dois documentários sobre sua vida e carreira.

Por: Sergio Damião em 31 de julho de 2023

Nome do livro do Dr. Henry Marsh, neurocirurgião inglês, Chefe do Departamento de Cirurgia do George’s Hospital, em Londres, desde 1987. Premiado em dois documentários sobre sua vida e carreira. Ele comove e surpreende com sua escrita. O nome Recebi o livro do Fernando Fittipaldi, nefrologista como eu, trabalhamos juntos por mais de trinta anos. Ele disse: Comprei dois, um para você e outro para mim. Acho que você vai gostar. Gostei. São histórias, várias crônicas, com temas instigantes, todas ligadas ao trabalho médico do Henry. Relatos de cirurgias em tumores e acidentes vasculares cerebrais, anomalias congênitas… Além do seu trabalho humanitário em Kiev – Ucrânia. Conflitos humanos, semelhantes em qualquer lugar do mundo, carregamos em nossas mentes. No livro, conta o seu dia em centro cirúrgico e os dilemas sociais, familiares e equipe. No seu relato do exercício da medicina, as dificuldades encontradas são semelhantes, seja em Londres, Kiev ou Brasil. A piora na qualidade do atendimento e exercício da medicina são evidentes com a queda do poder econômico e social. Algo que no Brasil, e no sul do estado capixaba, conhecemos bem. Dr. Henry descreve os problemas inerentes à doença do paciente, bem como a relação afetiva médica e familiares. Com coragem fala de seus erros, temores e as coisas humanas de todos nós. Algo difícil de encontrarmos em nossa profissão. Na verdade, nos seres humanos de um modo geral. Pois: O médico acha que é Deus; o neurocirurgião tem certeza. Ele cultiva as virtudes da humildade e tolerância. Parece dizer, como Sócrates: Só sei que nada sei. Torna-se tolerante; aceita a opinião contrária. A todo o momento busca a Grécia antiga e o início da filosofia ocidental: Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo. Descreve, também, as falhas do sistema de saúde inglês, considerado um dos melhores programas de saúde pública do mundo. Mostra a carência de leitos hospitalares, demora em cirurgias… Algo para pensarmos: profissionais de saúde e sociedade brasileira. Existe tempo para viver e morrer. No momento, vivemos um dilema ético: com a evolução da medicina, as técnicas e aparelhos modernos são para poucos. Modernidade que a maioria da população não pode usufruir. Ainda assim, o sonho de uma medicina de qualidade pública, e universal, não deve acabar.