Artigo

Um vírus nos ensinou

Aprendemos, ou precisamos nos colocar a entender, que ser bem-sucedido, no modelo contemporâneo, definitivamente não é, ser bem-sucedido!

Por: Janine Bastos em 10 de agosto de 2021

Menos eu, mais coletividade.
Vou explicar!
Aprendemos, ou precisamos nos colocar a entender, que ser bem-sucedido, no modelo contemporâneo, definitivamente não é, ser bem-sucedido!
Já dizia Gisele Bundchen, em seu livro Depressão e Suicídio. Se ela, rica, bem-sucedida, passou por isso, será mesmo que o caminho, é esse?
Abrimos mão da vida, para pertencermos a uma bolha, a uma idealização do que é viver.
Deixamos de viver, para termos momento especiais nas redes sociais e acreditamos que isso sim é viver, a vida dá risada da nossa visão superficial do que é a vida, do que é viver.
Um vírus quebrou essa bolha, nos provocando a lutar pela sobrevivência, nos provocando a cairmos na real.
Nos apresentando a fragilidade da vida e a certeza da morte, nos fazendo entender que o bem maior é a vida.
Porém ao contrário do que compramos para nos fazer acreditar que somos especiais, a vida, verdadeiramente dizendo, não está à venda e também não é direito apenas dos mais ricos.
Todos, inclusive os mais ricos estão morrendo, mesmo com seus privilégios, ainda assim não conseguem blindar, uma realidade, comum a todos. A vida é o nosso bem maior, porém, não temos controle sobre ela. Esses valores civilizatórios, estão se exaurindo, melhor que isso aconteça, antes de continuar, nos exaurindo.
Não adianta negarmos o trágico, somos corpo, somos vida, vivos e precisamos aprender a reconhecer o seu verdadeiro valor, o verdadeiro valor da vida.
Mas como cairemos na real, se buscamos sucesso na bolha, na proteção, principalmente agora que a bolha quebrou, entornando o caldo da crise da civilização.
Ou abaixamos a crista e retomamos ao que negamos, que é a nossa pequenez diante da natureza e do universo, está aí um vírus para nos provar.
Deixando assim de negarmos a vida, para continuarmos a brincar de sermos superiores a ela, como filhos de Deus como nos intitulamos, não que esteja errado em nos intitularmos assim, errado é negarmos que todos os seres também os são. Sim, somos mais inteligentes, mas isso não nos dá o domínio da vida, ou poder sobre ela, lamento em dizer.
Menos eu, mais coletividade, um vírus nos ensinou.